terça-feira, 4 de setembro de 2012

RUSSOMANO, METIDO A "EVANGÉLICO", APALPA MULHER NO CARNAVAL


O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, reclamou nesta segunda-feira (3) da difusão na internet de imagens, gravadas na época em que era somente repórter de TV, em que aparece apalpando o seio de uma mulher no Carnaval.
 
No vídeo, que pode ser acessado no Youtube, Russomanno está fazendo a cobertura do Carnaval pela TV Gazeta no início dos anos 1990.
 
"E que gatinha, meu Deus do céu. Muita mulher é você. Ai meu coração", diz à mulher, identificada como Katia Dias.
 
Entusiasmado, o candidato a prefeito abraça a mulher e, em seguida, apalpa um seio dela, que tenta se proteger da pegada indiscreta.

Ao dar entrevista após uma caminhada na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), Russomanno defendeu seu trabalho e disse que apenas fazia cobertura de TV.
 
"Eu sempre atuei como repórter e fiz o meu trabalho da melhor maneira possível. Sou profissional, cobria os bailes de carnaval, são fitas para maiores de 18 anos de idade, das coisas que aconteciam nos bailes", disse.
 
Em seguida, ele reclamou da exposição dos vídeos, o que chamou de estratégia "de esgoto".
"É triste ver que põem na rede social, em que crianças acessam. São pessoas que não têm um pingo de responsabilidade. É muito triste que eles não respeitem as crianças", disse.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

RUSSOMANO: O NOVO COLLOR



Há inegáveis traços que fazem Celso Russomanno lembrar Fernando Collor.

1) Ambos cresceram entre o eleitorado montados num partido inexpressivo, quase sem representação no Congresso;

2) Boa parte da popularidade veio do uso da mídia eletrônica, especialmente a televisão;

3)Tanto Collor quanto Russomanno aproveitaram um cansaço com as caras e os partidos tradicionais na política e, assim, venderam a ideia de que eram o novo;

4) Eles souberam manipular símbolos associados à moralidade que os ligaram ao eleitorado: Collor, os marajás; Russomanno, o consumidor.

5) Assim como na campanha de Collor, aparecem denúncias mostrando uma dissonância, no campo da moralidade, entre o que se fala e o que se faz.

6) Para dizer que era o "novo", Collor dizia que estava sozinho, mas tinha o apoio dos usineiros alagoanos; Russomanno se mostra também como alguém longe dos esquemas de poder, mas sua candidatura é amparada pela poderosa Igreja Universal do Reino de Deus.

7) E, por fim, ambos tinham muita proximidade com Paulo Maluf.

8) Coincidentemente, Collor é do PTB, mesmo partido do candidato a vice de Russomano.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Russomanno é sócio de empresário que defendeu

O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, usou o seu mandato quando era deputado federal para defender o empresário Laerte Codonho, que foi condenado à prisão pela Justiça por crime contra a ordem tributária e hoje é o seu sócio.

Dono da marca de refrigerantes Dolly, Codonho foi o principal doador de Russomanno na campanha eleitoral de 2010, quando o então deputado disputou o governo paulista. Deu R$ 250 mil ao candidato, por meio da empresa Tholor do Brasil. Também patrocinou o Programa Celso Russomanno, exibido pela TV Gazeta entre 2006 e 2008, com a marca Guaraná Dolly.
Candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (e), acompanhado de seu vice, o advogado Luiz Flávio …
Em 2004, quando era deputado pelo PP, Russomanno apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados, o requerimento de número 301, no qual pedia para que fossem investigadas denúncias sobre suposta concorrência desleal da Coca-Cola contra a Dolly.

Quase três anos depois da ação no Congresso, Codonho comprou em 2007 uma participação na empresa de comunicação do candidato, a ND Comunicação e Publicidade, fundada em 1986. A produtora é responsável por fazer os programas políticos e atrações na TV que foram comandadas por Russomanno.

Codonho foi protagonista de uma guerra contra a Coca-Cola, com acusações de espionagem empresarial, arapongagem e até agressões físicas. O litígio foi parar nos tribunais e nos órgãos governamentais de defesa da concorrência. O empresário acusava a Coca-Cola de querer "quebrar" sua empresa, por meio de pressão em fornecedores e distribuidores. Também dizia que a multinacional plantara um suposto contador na Dolly com o intuito de prejudicá-lo e colher informações confidenciais da empresa.

Fórmula

Além de solicitar a audiência no Congresso para ouvir a Dolly, Russomanno interveio a favor da empresa ao defender que a Coca-Cola deveria informar se havia na composição do refrigerante extrato vegetal feito a partir da folha de coca - Codonho alegava que as substâncias derivadas da coca eram usadas e feriam normas brasileiras, além de causarem dependência.

"O consumidor final precisa ter o direito de escolher no mercado de consumo o melhor e mais barato. Toda vez que tiramos uma empresa do mercado, seja nacional, seja estrangeira, estamos impedindo que o consumidor tenha opção", disse o deputado no plenário da comissão.

"São pilhas de documentos que podemos trazer à audiência pública desta comissão. Quero saber também se existe realmente algum derivado (da folha de coca)", disse o parlamentar na época. Russomanno também questionou a multinacional sobre denúncias de caixa 2, propagadas por Codonho. "Quero saber da Coca-Cola se existe o caixa 2."

Na audiência, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) disse que Russomanno "tentou ser o juiz arbitral" do litígio entre a Coca-Cola e a Dolly. "Mas as cifras pedidas foram altas demais, não se podia falar, e a denúncia chegou a esta comissão. Essa é a verdade. Há grandes interesses envolvidos nisso, e nós também estamos sendo envolvidos", declarou o parlamentar, segundo as notas taquigráficas da Câmara.Russomanno reagiu. "O que vossa excelência citou é muito grave, muito sério", afirmou contra Araújo. Disse ter "tentado" um acordo, mas sem relação com a tentativa de venda da Dolly.

Na época, executivos ligados à multinacional disseram que Codonho queria vender a empresa para a Coca-Cola por US$ 100 milhões. Por isso, estaria encabeçando a campanha contra a companhia. Codonho negou que quisesse vender a sua indústria.

Diante da série de acusações entre as empresas, Russomanno chegou a fazer um desabafo: "Nesse mercado de cerveja e de refrigerante, assunto já discutido na Comissão de Defesa do Consumidor várias vezes, absolutamente ninguém é santo".

'É crime'. Antes da audiência na Câmara, o candidato do PRB já havia defendido Codonho. Em 2003, quando os dois se conheceram em Brasília, participou do programa 100% Brasil, da Rede TV!, patrocinado pela Dolly. "No refrigerante, especificamente a Coca-Cola, você não sabe o que está bebendo. Há 62 anos ninguém sabe o que está bebendo", disse na atração. "É crime não informar corretamente ou fazer publicidade e não dizer o que é que está compondo o xarope da Coca-Cola. Queremos saber o que estamos consumindo."

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Codonho e a Rede TV! a pagarem indenização de R$ 2 milhões por danos morais à Coca-Cola. Cabe recurso. As informações são da edição de sábado do jornal O Estado de S.Paulo.

Celso Russomanno é acusado de usar mandato para beneficiar empresário


O candidato a prefeito de São Paulo pelo PRB, Celso Russomanno, está sendo acusado de ter usado o mandato de deputado federal para beneficiar o empresário Laerte Codonho, preso por crime contra a ordem tributária. Laerte hoje é sócio de Russomanno, dono da marca de refrigerantes Dolly.

Além disso, Laerte doou R$250 mil ao candidato na campanha eleitoral de 2010, quando ele disputou o governo de São Paulo. Também patrocinou o Programa Celso Russomanno, exibido pela TV Gazeta entre 2006 e 2008, com a marca Guaraná Dolly.

Em 2004, quando Russomano foi deputado, ele apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor da Casa um requerimento que pedia investigação contra a concorrência “desleal” da Coca-Cola contra a Dolly. Codonho foi protagonista de uma guerra contra a Coca-Cola e chegou a acusá-la de querer “quebrar” sua empresa Dolly fazendo pressão em fornecedores e distribuidores.

RUSSOMANO PODE SER OUVIDO NA CPI DE CACHOEIRA

Brasília – O líder do PPS na Câmara, o deputado federal Rubens Bueno (PR), vai solicitou no último dia 31 de julho a convocação do ex-deputado e candidato a prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB), na CPI do Cachoeira.

O ex-deputado é citado por um dos investigados do esquema de Cachoeira em uma discussão sobre envio de dinheiro ao exterior, segundo reportagem do jornal Correio Braziliense. De acordo com as denúncias, os suspeitos teriam procurado um contato em São Paulo para fazer a entrega do dinheiro. O jornal afirma que o contato, identificado pela pela polícia como Fábio, teria o controle do dinheiro de Russomanno no exterior.

"Uma das missões da CPI é investigar a ligação de políticos com a quadrilha de Cachoeira. Como Russomanno é citado em relatório oficial da Polícia Federal, a comissão precisa ouvir suas explicações", disse Bueno..

Russomanno afirmou que enviará documento à Polícia Federal autorizando a quebra de seus sigilos financeiro e fiscal. Ele se defendeu de forma enérgica das denúncias e sorriu ao dizer que as acusações surgem no momento em que está em uma boa posição nas intenções de voto. "É só estar bem nas pesquisas para virar alvo, já sou alvo há muito tempo". Afirmou Russomano. Com informações do site srzd.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Presidente da CBF receberá R$ 4 mi em 2012

13/07/2012 - 06h00

No comando da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê Organizador da Copa de 2014, José Maria Marin, que também é da Executiva do PTB de São Paulo,  vai fechar o ano com cerca de R$ 4 milhões no bolso. O dirigente receberá R$ 1,6 milhão da CBF e quase R$ 1,1 milhão do COL em salários.

Fora os pagamentos mensais, o cartola ganhará R$ 480 mil da confederação e cerca de R$ 1 milhão do comitê em bônus pelos serviços prestados em seu primeiro ano.

Acumulando as duas casas depois da renúncia de Ricardo Teixeira, em março, Marin vai ganhar ainda mais no próximo ano. Só na CBF, o salário do cartola é superior ao da maioria dos jogadores do país. Uma das principais estrelas do time que vai aos Jogos de Londres, o santista Paulo Henrique Ganso recebe R$ 150 mil mensais.

Os ganhos de Marin também ficam próximos aos do meia Alex, o mais bem pago do Corinthians, que ganha cerca de R$ 500 mil mensais.

O cartola recebe da CBF R$ 160 mil mensais. Logo ao entrar na entidade, recebeu um aumento. Seu sucessor, Teixeira recebia R$ 98 mil por mês até renunciar em março, pressionado pelo governo federal e pela cúpula da Fifa.

Mesmo ausente da entidade, Teixeira não perdeu o salário. Conforme a Folha revelou no mês passado, ele fatura R$ 120 mil mensais.

Isto é José Maria Marín

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Morando em Miami desde que deixou o cargo, Teixeira é remunerado por Marin por meio de contrato de "prestação de serviço, consultoria e captação de patrocínio com prazo indeterminado".
E nem mesmo o escândalo do pagamento de suborno da ISL parece alterar o acordo.

No COL, o dirigente ganha cerca de R$ 110 mil. O salário no comitê da Copa é três vezes superior ao dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), os mais bem remunerados auxiliares diretos da presidente Dilma Rousseff.

Mantega e Belchior receberam R$ 36.297,94 em maio. Seus ganhos de ministro são complementados por jetons acima de R$ 8.000 por participação nos conselhos da Petrobras e da BR Distribuidora. Em maio, Dilma recebeu bem menos, R$ 19.818,49.

Além dos salários, Marin receberá neste ano bônus das duas casas que comanda. No ano passado, a CBF pagou três salários a mais (R$ 480 mil). Já o COL é mais generoso. Em 2010, a entidade pagou R$ 869 mil ao então presidente Teixeira. Em 2011, o valor foi maior. Neste ano, o atual presidente da CBF deve receber cerca de R$ 1 milhão.

Segundo a assessoria de imprensa da CBF, o dirigente informou que os salários na confederação e no COL não foram estipulados por ele. De acordo com a assessoria, os valores são pagos para os ocupantes dos cargos.


Felipe Dana - 11.mai.12/Associated Press
O presidente da CBF, José Maria Marin, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro
O presidente da CBF, José Maria Marin, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro

Presidente da CBF eleva remuneração de aliados


 


O jornal Folha de S. Paulo informa neste sábado que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, membro da Executiva do PTB/SP, elevou o valor de seu salário e o dos integrantes principais da cúpula da entidade. Segundo o veículo, Marin recebe R$ 160 mil por mês, 50% a mais do que ganhava Ricardo Teixeira, ex-comandante da CBF. Já a diretoria foi dividida em duas faixas de remuneração, sendo que um dos grupos recebeu aumento e ganhará R$ 96,8 mil mensais. Nele, estão Antônio Osório, da área financeira, e Carlos Eugênio Lopes, da jurídica. Conforme publica a Folha, a outra parte da diretoria, com remuneração de R$ 69 mil por mês, não recebeu aumento.

O tesoureiro da CBF, Ariberto Pereira dos Santos, também teve seu salário elevado, de R$ 20 mil para R$ 38 mil. De acordo com as informações divulgadas, Santos, que em 2001 foi investigado pela CPI do Futebol no Senado, é responsável por assinar os cheques da entidade ao lado de Osório.

O jornal ainda informa que, desde março, José Maria Marin demitiu oito funcionários da CBF, a maioria deles ligada ao ex-secretário-geral da entidade, Marco Antonio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira. Marco Antônio diz que sua saída, no início de fevereiro, está relacionada a um acordo de transferência do poder a Marin e ao presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero - que como assessor especial da presidência da CBF tem salário de R$ 130 mil, conforme informa a Folha.

Segundo o veículo, a entidade máxima do futebol brasileiro informou que não se pronunciaria sobre o valor da remuneração de seus profissionais. Ela informou apenas que não existe equiparação salarial entre os diretores.

Rosane Collor diz que PC Farias tinha influência no governo do ex-presidente

 

A ex-primeira dama Rosane Collor declarou ao "Fantástico", exibido na noite deste domingo (15) pela TV Globo, que a relação do ex-presidente Fernando Collor com PC Farias era maior do que ele sempre admitiu.
O ex-tesoureiro de campanha (envolvido em episódios que culminaram no impeachment de Collor, em 1992) manteve influência no governo até surgirem as primeiras denúncias contra ele, de acordo com Rosane.

"Uma vez por semana, ele [PC Farias] tomava café da manhã na Casa da Dinda [residência do antigo casal, em Brasília] com Fernando. Agora, depois que começaram a sair as notícias ruins, aí ele nunca mais foi tomar café na nossa casa", disse.

Rosane diz que a influência de PC Farias sobre Collor era maior que a dela.

A ex-mulher de Collor afirmou que teve problemas com PC Farias quando foi presidente da LBA (Legião Brasileira de Assistência). O ex-tesoureiro, segundo ela, queria interferir no órgão, "colocando muitas pessoas para trabalhar em cargos importantes".

MAGIA NEGRA
Rosane contou ainda na entrevista detalhes de rituais de magia negra que, segundo ela, Collor praticava no porão da residência.

"O Fernando fez ritual de ficar isolado, na Casa da Dinda tem um porão e ele ficou durante três dias isolado, como se fosse se consagrando", declarou.

A informação sobre a existência desses rituais já havia sido revelada nos anos 90 por Pedro Collor, irmão do ex-presidente, e por Rosane nos últimos anos.

Os rituais, segundo Rosane, eram comandados por uma feiticeira de nome Maria Cecília, hoje pastora evangélica, assim como a ex-primeira dama.

O ex-presidente Fernando Collor não se manifestou.

A ex-primeira-dama prepara uma biografia para mostrar a sua versão de alguns dos acontecimentos do governo Collor.

Rosane Collor acusa Fernando Collor de ter mentido

 

Ex-primeira-dama disse que o ex-marido e o tesoureiro de campanha Paulo César Farias mantinham encontros frequentes mesmo após sua posse, em março de 1990

Antônio Ribeiro/Veja
Rosane e Fernando Collor de Mello, com a faixa presidencial, durante sua posse na Presidêndia da República
Rosane e Fernando Collor de Mello, com a faixa presidencial, durante sua posse na Presidêndia da República.

Brasília - A ex-primeira dama Rosane Collor acusou Fernando Collor de Mello de ter mentido durante a investigação sobre o esquema de corrupção no governo federal que culminou com sua saída da Presidência. Em entrevista ao Fantástico da TV Globo ontem, ela disse que o ex-marido e o tesoureiro de campanha Paulo César Farias mantinham encontros frequentes mesmo após sua posse, em março de 1990.

"PC continuava tomando café da manhã uma vez por semana na Casa da Dinda e ele (Collor) dizia que não." Na época das investigações sobre a corrupção, o então presidente disse em cadeia de rádio e televisão que não encontrava com PC Farias havia mais de dois anos.


Rosane, que prepara um livro de memórias da época, reclamou na entrevista do valor que recebe de pensão do ex-presidente e atual senador pelo PTB de Alagoas. Hoje, ganha R$ 18 mil mensais, valor que considera baixo "pela vida que ele (Collor) tem". "Tenho uma amiga que se separou, e que o ex-marido não é ex-presidente ou senador da República, e tem pensão de quase R$ 40 mil."

A ex-primeira dama voltou a dizer que Collor participava de rituais na residência oficial do casal e que alguns eram para prejudicar aqueles que desejassem mal a eles. Disse também que se considera um "arquivo vivo". "Se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

TSE: Collor pode ficar inelegível

Versiani havia arquivado o processo, mas agora decidiu voltar atrás e submeter à decisão ao plenário


Collor poderá ficar inelegível Wilson Dias/ ABr

     

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) irá analisar uma ação que pode deixar o senador Fernando Collor (PTB-AL) inelegível. A decisão de submeter o caso aos demais integrantes da corte é do ministro Arnaldo Versiani, relator do processo que investiga se o político manipulou uma pesquisa eleitoral do ano passado, quando concorreu ao governo de Alagoas. Primeiramente, Versiani havia arquivado o processo, mas agora decidiu voltar atrás e submeter à decisão ao plenário.

Em agosto de 2010, o instituto Gazeta de Pesquisa, ligado à família Collor, divulgou que o candidato estava na frente nas pesquisas eleitorais, número não confirmado por outros institutos. Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público Eleitoral disse que houve uma seleção de entrevistados por faixa salarial.

Ao julgar o caso, Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) não recebeu a denúncia em relação a Collor e seu candidato a vice, Galba Novais (PRB-AL). No entanto, a corte decidiu multar o jornal Gazeta de Alagoas, ligado ao instituto de pesquisa, em mais de R$ 50 mil.

Tanto o Ministério Público quanto o jornal recorreram ao TSE para tentar agravar e amenizar a pena dos envolvidos, respectivamente, e foram esses os recursos primeiramente arquivados por Versiani. Agora o caso será submetido a plenário.

Rosane: Collor fazia rituais de magia negra

Ex-mulher dá detalhes sobre a rotina de Fernando Collor no período em que esteve na presidência da República

Segundo Rosane, Collor realizou vários rituais na Casa da Dinda, enquanto ocupou a presidência / Lula Marques/Folhapress Segundo Rosane, Collor realizou vários rituais na Casa da Dinda, enquanto ocupou a presidência Lula Marques/Folhapress

    Vinte anos depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, a ex-mulher Rosane Collor falou sobre a rotina do então chefe do executivo nacional durante o período. Em entrevista ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, ela afirmou que o ex-marido participava de sessões de magia negra nos porões da Casa da Dinda, a residência oficial do casal em Brasília.

    “(Eram realizados) Trabalhos em cemitérios, trabalhos muito fortes. Com animais era matança mesmo. Mata galinhas, mata boi, vaca. São animais que são sacrificados”.

    Rosane também afirmou que Collor mentiu sobre as relações dele com Paulo Cesar Farias, o PC Farias, figura que comandava um esquema de corrupção dentro do governo.

    O ex-tesoureiro da campanha, acusado de operar um esquema de corrupção, teria mantido influência no governo até surgirem as primeiras denúncias contra ele, de acordo com as declarações de Rosane.

    Ela afirmou que outras revelações estarão num livro que ela escreve com o jornalista Fábio Fabretti. “Eu me considero um arquivo vivo. E eu digo em todas as entrevistas, e inclusive já disse na Justiça, que se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello”.

    O Fantástico tentou ouvir o senador Fernando Collor sobre as declarações da ex-mulher Rosane. No último contato o ex-presidente respondeu que não falaria nem um minuto, nem meio minuto sobre as revelações da ex-primeira-dama.

EX DE COLLOR FAZ REVELAÇÕES SOBRE O EX-PRESIDENTE

Vinte anos depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL), a ex-mulher dele decide abrir o jogo sobre esse período conturbado da história do Brasil. Rosane Collor diz que o ex-marido mentiu sobre as relações dele com Paulo Cesar Farias, o PC Farias, figura que comandava um esquema de corrupção dentro do governo. Rosane conta mais: confirma que para se defender de inimigos políticos, o então presidente Collor participava de sessões de magia negra nos porões da Casa da Dinda, a residência oficial do casal em Brasília. A reportagem é de Renata Ceribelli.

Fantástico: Você tem saudade do poder?
Rosane: O poder é efêmero, o poder um dia acaba.

Em 1990, quando Fernando e Rosane Collor de Mello se tornaram o presidente e a primeira-dama mais jovens do Brasil, ele com 40 anos e ela com 26, ninguém poderia imaginar essa cena: a Rosane, que chamava atenção pelas roupas caras e extravagantes, passando sempre a imagem de mulher poderosa, hoje se senta com a Bíblia entre as mãos em cultos evangélicos para pedir ajuda e dar testemunhos como esse:

Rosane: E olha que eu tive muitos momentos em que eu disse: ‘Jesus, me leva, aqui nessa terra eu não quero ficar mais’.

Fernando Collor e Rosane ficaram casados por 22 anos. Há sete anos se separaram. Agora brigam na Justiça em um processo litigioso.

Nesta entrevista, Rosane fala pela primeira vez sobre o que viu e viveu na presidência do ex-marido, hoje senador. São revelações inéditas, que confirmam boa parte do que Pedro Collor, irmão já falecido do ex-presidente, disse há 20 anos, detonando o processo de impeachment, o afastamento de Fernando Collor do poder.

A versão de Rosane estará também num livro que ela escreve com o jornalista Fábio Fabretti.

“Eu me considero um arquivo vivo. E eu digo em todas as entrevistas, e inclusive já disse na Justiça, que se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello”, diz a ex-primeira-dama.

Rosane conta que chegou a ser ameaçada ao decidir ir à casa de uma pastora chamada Maria Cecília, da Igreja Resgatando Vidas para Deus. Cecília era amiga do casal Collor, e antes de se converter à Igreja, se dedicava ao que Rosane chama de magia negra. Nesse encontro, a pastora distribuiu uma gravação em que revelava trabalhos de magia feitos por encomenda do ex-presidente na Casa da Dinda, a mansão da família Collor em Brasília. Revelações que Rosane confirmará nessa entrevista.

Rosane: Eu recebi um telefonema dizendo que eu não fosse a esse evento porque, se eu fosse, eu iria, mas eu não voltaria. E eu repreendi, disse que não tinha medo.
Fantástico: E você acha que foi ele? Ou foi ele que te ameaçou?
Rosane: Foi ele que ameaçou.
Fantástico: Ele te ligou e pessoalmente te disse isso?
Rosane: Um telefonema anônimo. Eu não sei se era ele que estava no telefone. Eu sei que eram pessoas que falavam dizendo que ele tinha mandado ligar, dizendo que eu não fosse para aquele culto, porque se eu fosse eu não voltaria.

Para entender as acusações de Rosane Collor de Mello contra o ex-marido, é preciso relembrar um dos momentos mais dramáticos da história do país.

O ano é 1989. O Brasil está eufórico por votar para presidente da República depois de 29 anos sem eleições diretas.

Fernando Collor se lança candidato como o defensor dos humildes, o caçador de marajás, como eram conhecidos os funcionários públicos que recebiam supersalários.

“Vamos fazer do nosso voto a nossa arma, para retirar do Palácio do Planalto os maiores marajás desse país”, disse em discurso na época.

A estratégia funcionou. Collor venceu com 35 milhões de votos. Lula ficou em segundo, com 31 milhões.

O novo presidente assumiu em 15 de março de 1990. Pouco tempo depois da posse, começaram a circular as primeiras denúncias de corrupção envolvendo o nome do tesoureiro da campanha, Paulo César Farias. PC, como ficou conhecido, era acusado de pedir dinheiro a empresários em troca de privilégios no governo.

“Toda e qualquer denúncia tem que ser exemplarmente apurada”, declarou Collor, em 1991.

Em maio de 1992, estoura a bomba: em entrevista à revista Veja, o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, afirma que PC Farias era testa-de-ferro de Fernando Collor. O presidente, segundo as declarações do irmão, sabia das atividades criminosas de seu ex-tesoureiro.

Dez meses depois, Pedro vai além. Em entrevista ao Jornal do Brasil, diz que Collor e Rosane faziam o que ele, Pedro, chamou de rituais de magia negra. E na própria Casa da Dinda, que era a mansão da família Collor, em Brasília.

Hoje, Rosane conta detalhes sobre esses rituais. E relata como foi o encontro com Maria Cecília, no dia em que teria sido ameaçada por telefone.

Rosane: Já tem bastante tempo que ela aceitou Jesus, ela hoje é pastora, e ela estava fazendo lançamento de um novo CD, onde ela contava todas as experiências.
Fantástico: Inclusive os rituais de magia negra que aconteciam.
Rosane: Inclusive os rituais de magia negra que eles faziam, mas não com a minha participação, porque algumas coisas eu participei, mas a grande maioria eu não aceitava participar.

Nesse CD a que Rosane se refere, Maria Cecília relata duas fases desse trabalho com Fernando Collor. Uma para ele chegar à Presidência: “Foi um trabalho muito sério. Foi um trabalho muito imundo, podre, nojento, para que se colocasse ali, na Presidência da República, aquele homem para administrar o Brasil”.

Outra, com ele já presidente, nos porões da Casa da Dinda. Nesse trecho, Maria Cecília fala dela mesma como se falasse de outra pessoa: “E ela teve que ir para Brasília, improvisar na Casa da Dinda, lá nos porões da Casa da Dinda, um lugar que fosse para o atendimento do marido e da esposa que estavam na Presidência da República. E ela deu continuidade àquele trabalho por um longo tempo”.

Depois, Cecília confirmaria numa entrevista à revista Época a realização desses rituais.
Fantástico: Nesse livro, você vai contar justamente sobre esses rituais que ele não gostaria que fossem contados.
Rosane: Com certeza.
Fantástico: Que rituais são esses?
Rosane: Trabalhos em cemitérios, trabalhos muito fortes.
Fantástico: E com animais, o que acontecia?
Rosane: Com animais era matança mesmo. Mata galinhas, mata boi, vaca. São animais que são sacrificados.

Uma imagem mostra a proximidade de Maria Cecília com Fernando Collor: em 1991, ela sobe a rampa ao lado do presidente, e trocando sorrisos. A cor branca do terno teria sido uma orientação de Cecília.

Também por orientação dela, segundo Rosane, Collor fazia rituais com a intenção de se proteger de inimigos políticos. Tentando fazer com que fossem atingidos pelo mal que desejassem contra ele.

Rosane: O Fernando fez ritual de ficar isolado, na Casa da Dinda ele ficou. Tem um porão e ele ficou durante três dias isolado mesmo, como se fosse se consagrando.
Fantástico: Com animal morto?
Rosane: Mas não no mesmo local. Dormindo numa esteira, ficando ali vestido com roupa branca.
Fantástico: E ele fazia isso pedindo o quê?
Rosane: Porque ele acreditava que pessoas que desejavam mal pra ele, fazendo isso, o mal que as pessoas mandavam pra ele voltava.

Fantástico: Durante quanto tempo vocês fizeram esse tipo de ritual?
Rosane: Quando eu conheci o Fernando ele já frequentava esses ambientes. Enquanto a gente esteve casado, ele praticava.

Rosane afirma acreditar que esses rituais deram origem ao que ela chama de "Maldição do Collor", e que ela e Maria Cecília só escaparam por terem aceitado Jesus.

Rosane: Eu e a Cecília somos duas pessoas que estamos vivas. Eu não acredito em coincidência, eu acredito em ‘jesuscidência’. E somos duas pessoas que estamos vivas por ter aceitado Jesus.

Fantástico: O que você chama de "Maldição do Collor"?
Rosane: De as pessoas que tentaram prejudicá-lo. Vários exemplos morreram de morte estranha. Eu acredito na maldição, de aquilo que quando você deseja o mal para alguém, isso pode acontecer.

Fantástico: Quantas pessoas morreram de maneira estranha?
Rosane: Eu não sei quantas pessoas foram.
Fantástico: Quais foram as que você atribui à maldição? A mulher do PC Farias?
Rosane: É que era uma pessoa que não tinha muito carinho pelo Fernando. Ela não gostava do Fernando. Agora jamais vou afirmar que o Fernando fez algum trabalho para que ela fosse morta.

Pedro Collor morreria em 1994, vítima de um câncer no cérebro. Dois anos antes, as denúncias feitas por ele na revista Veja provocaram a criação de uma CPI, e Collor tentou uma cartada: ele pediu o apoio popular.

“Que saiam no próximo domingo de casa com alguma peça de roupa com uma das cores da nossa bandeira! Que exponham nas janelas! Que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira. Porque assim, no próximo domingo, nós estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria”, pediu Collor, em 14 de agosto de 1992.

Dois dias depois da conclamação, em vez de usar verde e amarelo, milhares de jovens que ficariam conhecidos como caras-pintadas vão para as ruas vestindo preto. E pedem o afastamento do presidente.

Em junho, Collor tinha feito um pronunciamento em rede nacional negando que mantivesse contato com PC Farias. “Há cerca de dois anos não encontro o senhor Paulo César Farias, nem falo com ele. Mente quem afirma o contrário”, disse em 20 de junho de 1992.

Hoje, Rosane, pela primeira vez, desmente o ex-marido. E diz que, por isso, Collor tem medo do livro que ela está escrevendo:

Fantástico: Quem você acha que está temendo hoje pelo lançamento do seu livro?
Rosane: Eu prefiro acreditar que tem pessoas que estão receosas.
Fantástico: Quem?
Rosane: O próprio Fernando, né? Porque eu acredito que eu vou contar coisas que ele não gostaria de ser contada.
Fantástico: Por exemplo?
Rosane: Vou dar um exemplo forte. O PC continuava, ele tomava café da manhã na Casa da Dinda. E ele disse que não, e acontecia. Uma vez por semana, ele tomava café na Casa da Dinda com Fernando, presidente da República. Agora, depois que começaram a sair as notícias ruins, aí ele nunca mais foi tomar café na nossa casa. Até porque o PC era tesoureiro do Fernando na época da campanha. Ele é quem fez toda a arrecadação, isso todo mundo sabe.
Fantástico: E depois da campanha, depois de eleito, qual era a relação de Fernando Collor de Mello com PC Farias?
Rosane: De amizade, eles eram amigos.
Fantástico: Mas no governo?
Rosane: Eu acredito que ele tinha influência. Eu acredito não, eu tenho certeza absoluta que o PC teve influência no governo. Tanto que ele tinha irmão que foi ser da Saúde.
Fantástico: Mas o Fernando Collor de Mello negou essa informação na época, dizendo que ele não tinha contato com o PC Farias. Por que ele negou?
Rosane: Não sei por que ele negou.
Fantástico: Você perguntou para ele?
Rosane: Perguntei, ele falou que preferia que fosse assim.
Fantástico: Quem tinha mais influência sobre Fernando Collor de Mello. Rosane Collor ou PC Farias?
Rosane: Nossa, eu acredito que o PC Farias.

Rosane lembra que em 1993, quando foi decretada a prisão de PC Farias, a mulher dele, Elma, saiu em defesa do marido: “O Paulo César não agiu sozinho, ele teve alguém que mandou. O chefe maior foi quem mandou ele fazer isso.”, disse na época.

Fantástico: E o chefe era o Fernando Collor?
Rosane: Eu acredito que, quando ela falou nessa entrevista, eu acredito que ela tenha falado do Fernando.

Rosane revela que, quando foi presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), teve problemas com PC Farias.

Rosane: Uma certa manhã, nós estávamos tomando café da manhã na Casa da Dinda, eu era presidente da LBA de fato, e no café da manhã, eu fui conversar com o Fernando e o PC estava lá, e eu disse que eu não gostaria que o PC viesse interferir na LBA.
Fantástico: Que tipo de interferência ele queria fazer?
Rosane: Colocando muitas pessoas para trabalhar em cargos importantes.
Fantástico: Pessoas dele?
Rosane: Pessoas ligadas a ele. Eu disse que eu não ia permitir.
Fantástico: Isso coincidiu com a primeira crise do casal, no final de 1991?
Rosane: Exatamente. Foi aí a grande crise que nós tivemos no casamento.

Fernando Collor não se preocupou em esconder que durante o período de crise no casamento andava sem a aliança.

Rosane revela como o presidente e a primeira-dama mais jovens da história eram assediados nos salões da política.

Fantástico: Vocês eram um casal jovem, bonito. Tinha muito assédio sobre vocês?
Rosane: Com certeza. Eu acredito que de ambas as partes.
Fantástico: Muita mulher dando em cima do Fernando Collor?
Rosane: Muitas mulheres.
Fantástico: Muito homens dando em cima de você também?
Rosane: Com certeza. Isso é natural. Até pelo fato de a primeira-dama ser jovem, até pelo fato do presidente ser jovem, ter 40 anos de idade.
Fantástico: Você, como primeira-dama, foi assediada?
Rosane: É normal. As pessoas olham, se encantam.
Fantástico: Foi cantada?
Rosane: Não sei se cantada, mas palavras mais gentis.
Fantástico: Presentes?
Rosane: É, ganhei. Presente de joias, e eu entregava pra ele. Para saber o que eu fazia.
Fantástico: Homens te mandando joias de presente?
Rosane: É, de presente. Dava presente. Dizia: 'era presente para a primeira-dama'. Normal.

Mais tarde, a própria Rosane foi afastada da presidência da LBA, sob acusações de desvio de verbas.

Rosane: Em relação a isso eu não faço mais nenhum comentário, porque o Supremo Tribunal Federal me deu ganho de causa por unanimidade.

PC Farias foi preso em 1993, e em 1996, quando estava em liberdade condicional, foi encontrado morto em Maceió. A polícia concluiu que PC foi morto pela namorada, que se suicidou em seguida, mas o crime nunca foi completamente desvendado.

Fantástico: Onde você e o Collor estavam quando o PC Farias morreu?
Rosane: Nós estávamos no Taiti.
Fantástico: Como que vocês receberam essa notícia?
Rosane: Ele ficou preocupado. Agradeceu por não estar lá, porque poderia passar na cabeça das pessoas que ele poderia estar envolvido.
Fantástico: Você achou?
Rosane: Não, em nenhum momento. Como acredito que ele não está envolvido na morte do PC.

O momento decisivo da carreira política de Fernando Collor de Mello aconteceu no dia 24 de agosto de 1992. A CPI encarregada de investigar as denúncias contra o presidente concluiu: “Os documentos apresentados hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito apontam as ligações do presidente Collor e de sua família com o chamado esquema PC”, noticiou o Jornal Nacional em 24 de agosto de 1992

Os documentos registram uma reforma de US$ 2,5 milhões na Casa da Dinda, a mansão da família Collor, em Brasília; a compra de um carro Fiat Elba; e despesas pessoais, tudo pago por cheques de fantasmas, ou seja, de pessoas fictícias, inventadas, o que caracteriza crime contra a probidade na administração, um crime de responsabilidade, cuja pena é a perda do cargo. A votação do relatório pelo plenário da Câmara aconteceu no dia 29 de setembro de 1992.

Fantástico: O momento do impeachment. O momento da votação. Onde você estava?
Rosane: Nossa, foi muito tenso. Eu ia ficar com ele, eu queria assistir lá na presidência, no Planalto. Mas ele falou que não queria. Que ele queria assistir sozinho. Em cada minuto, cada voto que era dado, ele ligava pra mim. Aí no momento que ele viu que não tinha mais jeito, que realmente o impeachment ia acontecer, ele realmente ficou desesperado.

Fantástico: Quando vocês se encontraram depois disso, o que ele te falou?
Rosane: Só nos abraçamos. Quando ele chegou em casa, nos abraçamos, eu tentei acalmá-lo, tranquilizá-lo e dizer: ‘Vai passar, eu estou aqui contigo, eu vou estar sempre do teu lado’.

Em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, no Fantástico, Fernando Collor admitiu que pensou no pior, no suicídio.

Rosane lembra que nesse momento ficou apavorada.

Rosane: Eu procurei tirar as armas que tinham dentro de casa, eu tirei. Até por precaução, porque num momento de desespero a pessoa pode fazer. Então eu tentei durante muito tempo. Eu comecei a ter problema de insônia, porque eu já não conseguia dormir. Eu ficava angustiada, achando que ele era capaz de fazer alguma coisa. Então qualquer movimento dele, nos primeiros dias, se ele levantasse da cama, eu estava com o sono tão leve, era uma coisa impressionante, era tão leve meu sono que ele levantava e eu já acordava. Podia ser o que fosse, eu acho que nem dormia.
Fantástico: Ele ia para o banheiro...
Rosane: Ele ia para o banheiro, eu já acordava e corria atrás dele. Ele dizia: "Calma, Quinha, eu estou no banheiro". Eu achava que, não sei, que ele pudesse cometer, porque foi tudo muito rápido, foi uma coisa muito rápida...
Fantástico: Cometer suicídio?
Rosane: Eu achei que ele pudesse cometer.

Aprovado na Câmara, o pedido de impeachment seguiu para o Senado já no dia seguinte, sendo também aprovado e dando início ao julgamento de Collor, que deveria estar concluído em até 180 dias. Até lá, Collor ficaria afastado da presidência temporariamente, sendo substituído pelo vice Itamar Franco, o que, seguindo os trâmites oficiais, só aconteceu em 2 de outubro de 1992. Foi o dia em que Collor desceu a rampa do Palácio do Planalto pela última vez.

Rosane: Então, naquele momento, quando ele assinou, ele estava muito triste, ele estava muito abatido, ele estava muito magro. Estava depressivo, já não conseguia se alimentar direito. E naquele momento, quando ele assinou e nós fomos descer a rampa e ele quis baixar a cabeça, eu segurei na mão dele, e disse: ‘Vamos, levanta a cabeça, vamos em frente que a gente vai conseguir’.

Em 29 de dezembro, o Senado se reúne sob o comando do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Sidney Sanches, para julgar se Fernando Collor era mesmo culpado pelo crime de responsabilidade, apontado pela Câmara. Se condenado, Collor continuaria afastado, não voltaria à Presidência e ficaria inelegível por oito anos. Para escapar dessa punição e garantir seus direitos políticos, ele tenta uma manobra de última hora: renuncia à Presidência. Mas a tentativa não dá certo. Resultado: Fernando Collor é finalmente condenado.

Na esfera criminal, dois anos depois, Collor enfrentou no STF a acusação de corrupção passiva. Alegou que as despesas apontadas pela Câmara foram pagas com sobras do dinheiro da campanha de 1989 e com um suposto empréstimo feito no Uruguai. Collor alegou também desconhecer que suas contas eram pagas por meio de cheques de fantasmas. Para condená-lo por corrupção passiva, era necessário que a procuradoria provasse que Collor recebeu dinheiro em troca de favores e serviços prestados a corruptores. Mas, no entendimento do STF, a procuradoria não conseguiu nenhum documento que provasse isso de forma inequívoca. Por essa razão, por cinco votos a três, o Supremo absolveu Collor da acusação de corrupção passiva.

Hoje, Rosane faz uma avaliação sobre o passado.

Fantástico: Você estava preparada para tanto poder?
Rosane: Ah, não, de jeito nenhum, acho que a gente não estava preparado.
Fantástico: Você se deslumbrou?
Rosane: Eu acho que todo mundo se deslumbra. Eu acho que chega o momento que a gente vê. Eu chegava e estava ao lado da princesa Diana. Eu estava jantando com a princesa Diana.

Collor voltou à política em 2002 e perdeu a eleição para o governo de Alagoas. Em 2006, foi eleito senador pelo mesmo estado. A separação de Rosane e Fernando Collor tinha ocorrido um ano antes, em 2005.

Fantástico: Essa casa onde você vive é de quem?
Rosane: Essa casa, hoje ela está, ele colocou porque ele tem um débito comigo na pensão alimentícia.

Segundo Rosane, a dívida de Collor é de R$ 950 mil. Ela briga na Justiça para ter acesso a parte dos bens que o ex-marido acumulou na vida pública. Os dois eram casados em regime de separação de bens. Quando casou, Rosane tinha 19 anos.

Fantástico: Vocês se casaram em que regime?
Rosane: Antes, em separação de bens total. Eu não sabia, eu achava que tinha sido parcial. Eu achava que aquilo que ele tinha antes era dele. E aquilo que a gente construísse seria nosso. Mas infelizmente, pela minha imaturidade, eu assinei um documento que eu não sabia o que estava fazendo.

Fantástico: Você pode dizer de quanto é sua pensão hoje?
Rosane: É de R$ 18 mil. É a pensão que eu recebo.
Fantástico: E você acha pouco?
Rosane: Pela vida que ele tem, sim. Eu vejo amigas minhas que se separaram. Agora há pouco tempo eu tenho um caso de uma amiga minha que se separou, o marido não é ex-presidente, não é senador da República, e tem uma pensão de quase R$ 40 mil.

Fantástico: E você, o que sente por ele?
Rosane: É aquilo que eu digo: o Fernando foi o grande amor da minha vida, mas também foi minha grande decepção.

Durante duas semanas, nós tentamos ouvir o senador Fernando Collor sobre as declarações da ex-mulher, Rosane. No último contato, o ex-presidente respondeu que não falaria "nem um minuto, nem meio minuto" sobre as revelações da ex-primeira-dama.

Procuramos também a pastora Maria Cecília, mas ela não quis receber a nossos repórteres. Disse apenas que considera os rituais na Casa da Dinda assunto encerrado.

"Não pergunte", diz Collor sobre a sensação de ser cassado


11 de julho de 2012 14h39 atualizado às 14h46

Senador Collor acompanhou a votação sentado na primeira fila . Foto: Elaine Lina/Especial para Terra Senador Collor acompanhou a votação sentado na primeira fila
Foto: Elaine Lina/Especial para Terra
A cassação de Demóstenes Torres foi acompanhada bem de perto pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). Sentado na primeira fila da sessão desta quarta-feira, o político, que passou pela mesma experiência quando era presidente da República, economizou palavras ao ser questionado sobre a sensação de ser cassado. "Não pergunte", limitou-se a dizer.

Collor foi afastado da Presidência da República por meio de um impeachment, em 1992, e hoje preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Desde o início, o senador acompanhou ativamente dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que resultou na aprovação do pedido de cassação do então colega Demóstenes.

Quem também estava na primeira fila era o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo recente de um caso de votação de processo de cassação no Senado. O político se tornou o primeiro presidente da Casa a ter uma cassação avaliada. Em setembro de 2007, escapou de perder o mandato após ser alvo de denúncias de que teria contas pessoais, como a pensão alimentícia de uma filha, pagas pelo funcionário de uma empreiteira. O placar foi de 40 votos a 35, com seis abstenções.

Em dezembro do mesmo ano, Calheiros foi mais uma vez absolvido. Por 48 votos a 29, com três abstenções, os senadores decidiram manter o mandato do colega, acusado de ter usado "laranjas" para comprar veículos de comunicação em Alagoas. Antes do início da sessão para avaliar seu processo de cassação, ele renunciou à presidência da Casa, cargo do qual estava licenciado havia 45 dias

MP pede para Justiça impugnar candidaturas de Serra e Russomanno

Tucano diz que prestará esclarecimentos à Justiça Eleitoral.


Russomano afirma que multa de R$ 5 mil já foi paga.

Do G1 SP
 
O Ministério Público de São Paulo entrou com um pedido na Justiça Eleitoral solicitando a impugnação das candidaturas de José Serra (PSDB) e Celso Russomanno (PRB) à Prefeitura da capital paulista. O pedido foi protocolado na sexta-feira (13), segundo a assessoria de imprensa do MP.

De acordo com o promotor Roberto Senise, Serra não apresentou documentos necessários para registro da candidatura. Reportagem publicada neste sábado (14) no jornal "Folha de S.Paulo" informa que o tucano não entregou à Justiça Eleitoral certidões que mostram a situação atual de processos a que responde. A assessoria de Serra informou que o candidato prestará os esclarecimentos que a Justiça Eleitoral julgar necessário.

Sobre Russomano, o MP informou que o candidato estava em débito com a Justiça Eleitoral pelo suposto não pagamento de uma multa de R$ 5 mil até o dia 5 de julho. O valor corresponde a uma condenação em eleição anterior. A assessoria de Russomano informou, por meio de nota, que a multa citada pelo MP foi quitada no dia 29 de julho de 2011. "Desta forma, Celso Russomanno não tem qualquer tipo de impedimento com a Justiça Eleitoral", diz o texto.

De acordo com o MP, outros cerca de 60 a 70 candidatos que irão disputar as eleições em São Paulo também tiveram pedidos de impugnação encaminhados à Justiça Eleitoral. Os nomes não foram informados.

Caso a Justiça Eleitoral impugne as candidaturas, isso não significará o veto ao registro do candidato, segundo o MP. O pedido da Promotoria pode ser acolhido ou não pelo juiz eleitoral, que tem até o dia 5 de agosto para julgar os pedidos de candidatura.

MP eleitoral impugna Serra e Russomano

O MPE (Ministério Público Eleitoral) divulgou nessa sexta-feira que impugnou as candidaturas de José Serra (PSDB) e de Celso Russomanno (PRB) na 1ª zona eleitoral de São Paulo. Os pedidos foram apresentados peelo promotor Roberto Senise. 


De acordo com o MPE, o candidato tucano não exibiu as certidões atualizadas sobre duas ações penais em que foi citado. Já Russomanno não teria recolhido o valor de R$ 5 mil referentes a uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral.

Ao todo, foram requeridas, ainda, as impugnações de quatro candidatos a vice-prefeito e de cerca de 400 candidatos a vereador.

Em nota à imprensa, a assesoria de Russomanno afirmou que a dívida já havia sido paga no ano passado. "Diante desse fato, Russomanno buscou cópias dos comprovantes de pagamento referentes à multa alegada pelo Ministério Público para mostrar que pode ter havido um equívoco de membros do órgão ao citar  uma cobrança que fora quitada no dia 29 de Julho de 2011, no valor de R$ 5mil, com guia de recolhimento pelo Banco do Brasil", disse a nota.

A assessoria de Serra afirmou ao Portal da Band que está tranquila com regularidade da candidatura e que, se o órgão acreditar que falta alguma informação a mais para anexar à candidatura do tucano, esta será providenciada.

MP contesta registros de candidatura de Serra e Russomano

Os dois primeiros colocados têm cinco dias para tirar dúvidas do Ministério Público Eleitoral de São Paulo relativas à documentação

Tiago Queiroz/AE
José Serra
José Serra: a coordenação de campanha do tucano informou que ainda não recebeu nenhuma notificação oficial
São Paulo - O Ministério Público Eleitoral de São Paulo solicitou à Justiça Eleitoral a impuganação do pedido de registro de candidatura dos dois primeiros colocados das pesquisas eleitorais, José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB).
De acordo com o promotor Roberto Senise Lisboa, José Serra não apresentou certidões que mostrem em que fase estão dois processos criminais que correm contra ele na 8ª Vara Criminal e na 21ª Vara Criminal da capital e de quatro processos relacionados a acidente de trabalho no Tribunal de Justiça. As informações foram publicadas no site do jornal 'O Globo'

A coordenação de campanha do tucano informou que ainda não recebeu nenhuma notificação oficial e só vai se pronunciar depois de analisar o processo.

Segundo o MP, Russomano pagou com atraso uma multa eleitoral. O candidato deveria ter pago a multa de 5 mil reais até o dia 5 de julho. Porém, o pagamento só feito na tarde de ontem, fora do prazo estipulado. Por isso, no entendimento do MP, ele só está habilitado a concorrer em 2014 e não neste ano.

O MP também entrou com pedido de impugnação contra os candidatos a prefeito Anaí Caproni (PCO), que não apresentou certidões criminais, prova de desincompatibilização e programa de governo, Ana Luiza (PSTU) e Levy Fidelix (PRTB), por não apresentarem certidões criminais, e Carlos Giannazzi (PSOL), que não entregou programa de governo.

O Ministério Público pediu a impugnação do pedido de registro de quatro candidatos a vice, e de 403 das 1191 pessoas que vão disputar o cargo de vereador na capital. Os problemas mais comuns notados foram ausência de certidões que demonstrem desincompatibilização de cargos públicos e de outros documentos.

Os candidatos têm cinco dias para responder aos pedidos de impugnação e sanar os problemas. Depois disso, o MP emitirá novos pareceres. Cabe ao juiz eleitoral decidir se o pedido de impugnação será ou não aceito, o que deve ser feito até 5 de agosto

Russomano vira réu por falsidade ideológica

Agência Estado

Pré-candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, o jornalista Celso Russomano tornou-se réu por falsidade ideológica no Supremo Tribunal Federal (STF). Russomano é acusado pelo Ministério Público Federal de ter simulado um contrato de imóvel para mudar seu domicílio eleitoral de forma a concorrer ao cargo de prefeito de Santo André, em 2000.

O processo foi distribuído na terça-feira, dia 19, ao ministro Luiz Fux, mas seguirá para a Justiça de primeira instância em razão de ele ter perdido o foro especial de deputado federal que tinha até 2010. Dois anos atrás, ele concorreu pelo PP ao governo de São Paulo, terminando a disputa em terceiro lugar.
 
O caso chegou ao Supremo há praticamente dez anos. Em 2003, o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro denunciou o então deputado por ele ter, em junho de 1999, simulado um contrato de aluguel de um apartamento em Santo André. Três meses depois, o parlamentar pediu à Justiça Eleitoral sua transferência de domicílio, de São Paulo para a cidade no ABC paulista, para se candidatar.
Na ocasião, segundo o Ministério Público, a Justiça Eleitoral comprovou que Russomano não chegou a morar no imóvel. Para o MP, um "indício seguro" para atestar essa situação é o de que não houve consumo de energia entre julho e agosto daquele ano, e apenas 12 KW/h em setembro. "Não é possível ninguém morar num apartamento sem que haja consumo de energia elétrica, indispensável para o banho, iluminação, funcionamento dos eletrodomésticos, etc.", afirmou o juiz eleitoral citado na denúncia do MP.
 
Russomano terminou a disputa de 2000 em segundo lugar, numa eleição que reelegeu o petista Celso Daniel - assassinado dois anos depois. Em junho de 2008, os ministros do Supremo foram unânimes em seguir o voto do então relator, Eros Grau. Eles rejeitaram pedido da defesa para extinguir qualquer tentativa de puni-lo no caso sob o argumento da prescrição e decidiram que o então deputado vai responder a processo.
 
Após quatro anos de recursos, o caso virou uma ação penal no Supremo, mas será remetido para a primeira instância.

STF considera Celso Russomano reú em processo movido em 1999

 Redação Portal IMPRENSA | 21/06/2012 09:30

 
O pré-candidato à prefeitura de São Paulo Celso Russomanno (PRB) é acusado de falsidade ideológica pelo Ministério Público Federal (MPF). O jornalista teria simulado um contrato de locação de imóvel com terceiro para obter, em 1999, a transferência de seu domicílio eleitoral de São Paulo para Santo André, e concorrer à prefeitura da cidade do Grande ABCD. O processo chegou ao relator do caso, o ministro Luiz Fux, na última terça-feira (19/6).

Crédito:Divulgação
Jornalista é réu em ação movida em 1999

Russomanno afirma que não descumpriu a lei e que as razões para a decisão do STF são políticas. "Acho estranho um processo de 1999 ser retomado em ano de eleição. Quero que julguem, porque eu não descumpri a lei", afirmou. E questionou a demora no julgamento do processo. "Por que não se dão ao trabalho de julgar logo? Desde 1999 isso acontece e eles [Justiça] não resolvem. É só para criar distúrbio na eleição", criticou. 
De acordo com o portal Terra, o processo seguirá para a Justiça de primeira instância porque Russomanno perdeu o foro especial de deputado que tinha até 2010. A pauta ainda não foi despachada e aguarda assinatura do ministro que encaminhará o caso para São Paulo.   

O caso chegou ao STF em 2008, após a denúncia do MPF ser aceita pelo plenário do tribunal. O ex-deputado federal apresentou uma série de embargos que foram rejeitados pelo Supremo. A defesa do jornalista não apresentou recurso do inquérito, o pré-candidato foi reautuado, e como não cabe mais recurso da decisão, é considerado formalmente réu.
Em 1999
Segundo o processo, para candidatar-se ao cargo de prefeito ena cidade Santo André em 2000, o Russomano pediu, em 1999, a transferência de seu domicílio eleitoral da capital paulista para a cidade do ABCD, para ficar em acordo com a Lei Eleitoral, que exige a comprovação de domicílio eleitoral pelo menos nos três meses que antecedem as eleições. De acordo com o MPF, o deputado simulou um contrato de locação com terceiro.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Deputados cobram de Barbieri nomes dos que vendem emendas


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Deputados da base do governo e da oposição cobram o deputado Roque Barbiere (PTB) a divulgar quais são os parlamentares da Assembleia de Legislativa que estariam vendendo emendas. A acusação, revelada ontem (23), foi feita por Barbiere (à dir.) em uma entrevista a um canal de internet. Segundo ele, de 25% a 30% dos 94 deputados da Casa enriquecem fazendo isso. O líder do PSOL, Carlos Giannazi, protocolou no Conselho de Ética um pedido de investigação do caso. O deputado afirma que o Barbiere deve revelar o que sabe sobre o suposto esquema. “É estarrecedor. Se ele sabe de alguma coisa, por que não foi à tribuna da Casa? Por que não foi à Corregedoria ou procurou o Conselho de Ética?”, questionou. O líder do PT na Casa, Ênio Tatto, classificou como “graves” as denúncias e instou Barbiere a ser mais específico. “Tem que começar a falar os nomes. Se não, deixa todo mundo na berlinda, como suspeito”. Na mesma toada seguiu o líder do PSDB, Orlando Morando.
“A forma generalizada é uma coisa nociva. Precisa identificar quem são os 30%”, disse Morando. Tatto afirmou que iria procurar a Corregedoria da Assembleia para pedir providências. O Legislativo paulista, no entanto, está sem um corregedor desde junho, quando expirou o mandato de Célia Leão (PSDB). Segundo a Casa, porém, o caso precisa ser tratado na Comissão de Ética, conforme manda o estatuto.

Milton Leite Filho (DEM), que tem gabinete ao lado do de Barbiere, afirmou que “os vizinhos referidos são de sua região de atuação, Birigui (interior de São Paulo)” e que “nunca possuiu vínculo” com Barbiere. Ele engrossou a pressão para que o deputado revele o que sabe. “Com a palavra, o deputado Barbiere. Que cite os deputados”.

Defesa

O único parlamentar a defender Barbiere foi o líder do PTB, Campos Machado. “Ele tem um excelente caráter, é um homem de família. Isso aí (as acusações) deve ter sido pinçado de um contexto. Ele tem um respeito muito grande pela Assembleia”. Machado afirmou que em seus 20 anos no Legislativo nunca ouviu falar em venda de emendas e disse que Barbiere é um homem “honrado e leal” . “É difícil encontrar um caráter como o daquele baixinho”.


Denúncia de Barbiere foi 'uma bomba'

“Caiu como uma bomba”, declarou hoje, 24, o deputado Barros Munhoz (PSDB), presidente da Assembleia, referindo-se às denúncias do deputado Roque Barbiere (PTB) sobre suposto esquema de venda de emendas parlamentares. “O sentimento geral na Casa é de perplexidade, choque, estarrecimento. (Barbiere) vai ter que falar.”

Preocupado com o impacto das declarações do petebista, Munhoz convocou para segunda-feira (26) reunião do Colégio de Líderes, em caráter excepcional. “Nunca houve denúncias sobre isso aqui. Estou sem entender o que ele (Barbiere) fala.”

Se a Mesa entender que é cabível o caso será submetido ao Conselho de Ética. “Evidente que quem faz uma afirmação dessas tem que explicar porque disse. Qualquer sanção é competência do Conselho.”

Munhoz asseverou que tramitação de emendas no Poder que preside “segue rito extremamente rigoroso e com ampla publicidade”, desde a indicação à Casa Civil, à secretaria de Estado e prefeituras. “A assinatura de convênios é pública, todo o acompanhamento é público. Nada é feito sem prestação de contas.” (Agência Estado, 24/9/11)

Deputado do PTB comanda corrupção em Secretaria de SP



A Construlara Construtora e Empreendimentos Imobiliários recebeu em 2010 mais de R$ 1,3 milhão em verbas da Secretaria de Estado de Esportes intermediadas pelo presidente do PTB paulista, deputado estadual Campos Machado, e pelo secretário de planejamento do diretório estadual da sigla, Miguel Del Busso, que até fevereiro de 2011 trabalhava no cargo de chefe de gabinete da secretaria.

A construtora tem como principal sócio Laffayette Alfredo Morais genro de Miguel Del Busso. A empresa fica na cidade de Ariranha a 388 quilômetros de São Paulo, onde Del Busso morou e atuou como vereador nos anos 90. O nome da construtora faz referência à filha de Morais, fruto da união com Rachel, filha de Busso.

Em 2010, a Construlara obteve contratos de 11 obras referentes a convênios entre seis prefeituras e a secretaria de Esportes - todas sem licitação, já que a legislação permite o uso de cartas-convite quando os valores são inferiores a R$ 150 mil.

Prefeitos, vereadores e assessores de quatro prefeituras - Taiaçu, Guapiaçu, Irapuã e Itajobi - creditaram o repasse de verbas para obras em seus municípios a gestões feitas por Campos Machado. São sete obras, na maioria reformas de prédios e instalações esportivas, que totalizam R$ 966 mil. O presidente do PTB, aliado tradicional do PSDB e do governador Geraldo Alckmin, foi quem indicou os últimos três secretários de Esportes. Nas cidades beneficiadas, ele ficou entre os deputados mais votados nas últimas eleições.

Deputado

Campos Machado negou conhecer a empresa Construlara e também negou ter agido para beneficiar especificamente as prefeituras com verbas do governo. "Não são apenas essas quatro cidades, eu encaminho pedidos de todos os prefeitos que tenham alguma ligação com o PTB", afirmou.

INVESTIGAÇÃO LIGA PTB A ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

Confessionário devassado
Grampo seria usado apenas para investigação doméstica,
mas quebrou sigilo de clientes e flagrou uma incrível
tentativa de corrupção


EXCLUSIVO

Mário Simas Filho

Luiz – Vamos ver, o valor da causa é R$ 20 milhões, acho que uns 10% a gente resolve no tribunal.
José Eduardo – Se resolver isso
logo, pode ficar com 20%
Luiz – Ótimo, assim estimula mais.
Eduardo grampeou o escritório do pai e fala em combate à corrupção

O grampo ilegal que registrou a versão do empresário Fábio Monteiro de Barros a respeito da fortuna do juiz Lalau é apenas um dos subprodutos de um caso de polícia. Expoente da Opus Dei – grupo católico conservador fundado em 1928 que tem muita influência no Vaticano – em São Paulo, o advogado José Carlos Graça Wagner é um profissional conceituado. Ele atua na área tributária há quase cinco décadas e seu escritório sempre foi qualificado como um dos melhores do País. Nos últimos anos, no entanto, o escritório Graça Wagner & Associados passou a protagonizar o papel de réu. Antigos clientes como as livrarias Cultura e Martins Fontes e a Revlon recorreram à Justiça para denunciar que milionários depósitos feitos em juízo foram desviados pelo escritório para contas no Brasil e no Exterior, sem que houvesse a concordância dos clientes. “Constatamos que houve efetivamente os desvios, chamamos todos os prejudicados para fazer acordos e já estamos pagando um a um. Todos serão ressarcidos”, lembra José Eduardo Graça Wagner, filho do advogado e responsável pelo grampo que vitimou Fábio Monteiro de Barros. “Temos um nome e um passado a zelar e então resolvemos investigar o que estava acontecendo. Por isso, espalhamos os grampos por todo o escritório, embora meu pai só viesse a saber disso meses depois”, tentou justificar. O método muito pouco ortodoxo de investigar a própria casa, segundo José Eduardo, deu certo. Em março, o escritório Graça Wagner encaminhou ao Ministério Público uma série de denúncias contra o advogado Eduardo Gioielli, ex-sócio, acusado de ser o responsável pelos desfalques. “A documentação apresentada é forte e será investigada”, diz o promotor José Carlos Blat.

A arapongagem doméstica instalada por José Eduardo transformou o escritório em uma arapuca, mas registrou também, desta vez de forma legal – pois pelo menos um dos interlocutores tinha ciência do grampo –, uma incrível tentativa de corrupção envolvendo membros do Judiciário e do Legislativo de São Paulo. Em julho de 2000 foram gravadas três reuniões entre José Eduardo, Sérgio Russo (advogado do escritório) e Luiz Souto Madureira, um dos principais auxiliares do deputado estadual Campos Machado, presidente do PTB de São Paulo, e na época candidato a vice-prefeito na chapa do atual governador Geraldo Alckmin. Na ocasião, o escritório Graça Wagner brigava no Tribunal de Alçada Civil pela liberação de R$ 20 milhões que um ex-cliente conseguira reter como garantia de dívida. A decisão para liberação do dinheiro estava para ser julgada pelo juiz Willian Campos, primo do deputado Campos Machado. As conversas gravadas no escritório mostram a anatomia da corrupção. A primeira reunião foi em 11 de julho e Madureira prometeu que o deputado iria interferir com o primo para que a decisão fosse favorável ao escritório. Leia parte do diálogo:

Juca Rodrigues
Blat diz que as denúncias serão apuradas

Luiz Madureira – O que o deputado fará é chegar no doutor Willian. Ele vai dizer, olha aqui desembargador, o doutor Graça é meu amigo, meu irmão, uma pessoa que está ajudando o PTB e estão com um problema aqui (indicando para o processo).
Precisamos ver se conseguimos evitar uma injustiça.

José Eduardo – Mas é garantido que isso
dará resultado?

Luiz Madureira – Sabe como funciona isso na Justiça. Muitas vezes o desembargador nem lê o processo. Precisamos levar o processo até ele e indicar onde estão os principais problemas. Eu tenho certeza absoluta que ele vai resolver... Outro dia eu estava com o Campos (deputado), dizia, olha o que nós precisamos para tocar a campanha. Vamos ajudar 640 municípios. Na capital, não. Isso ficará com o PSDB. Tem município que nós vamos gastar R$ 2 mil com santinho, camiseta, etc. Tem município que nós vamos gastar R$ 50 mil. Se gastarmos uma média de R$ 10 mil por município, vamos gastar R$ 6,4 milhões. Isso mostra o tamanho da coisa. Então, se você pudesse...

José Eduardo – Mas, vamos, pode falar. Vamos ver isso como é...

Luiz Madureira – Bom, vamos ver... o valor da causa é R$ 20 milhões... acho que uns 10%...

José Eduardo – Claro. Se conseguir isso rápido eu até te melhoro esse percentual.

Luiz Madureira – Uns 15%. Você chega em 15%.

José Eduardo – Claro.

Luiz Madureira – Então tá fechado (batendo na mesa). Me dá uma cópia disso tudo...

José Eduardo – Olha, se resolver isso rápido, pode ficar com 20%.

Luiz Madureira – Ótimo, assim estimula mais. Acho que está resolvido. Aguarde um telefonema meu.

Na segunda reunião, em 20 de julho, Madureira comunicou que o deputado Campos Machado já havia conversado com o juiz Willian Campos e saiu do escritório com um cheque para o pagamento de 20 mil camisetas de campanha. Na terceira reunião, o assessor do deputado apenas disse que estava caminhando bem. “O negócio não deu certo porque meu pai ficou sabendo de tudo e resolveu não dar nenhum dinheiro”, afirma José Eduardo. O deputado Campos Machado, procurado por ISTOÉ, afirmou que Madureira foi “vítima de uma armação”. “Esse rapaz (José Eduardo) tinha pretensões políticas e por isso se aproximou do Madureira e chegou a contribuir com umas camisetas, mas jamais houve qualquer tentativa de corrupção tanto de minha parte como da parte do doutor Willian Campos. A decisão de Willian Campos foi contra o escritório, mas depois acertamos a dívida com a empresa que nos processava e o dinheiro apreendido foi devolvido. Não posso revelar mais detalhes porque no contrato com essa empresa existe uma cláusula que proíbe sua divulgação”, diz José Eduardo.

Todo o material contendo a gravação da tentativa de corrupção foi levado ao Ministério Público. Os promotores, porém, por determinação legal, encaminharam o caso à Corregedoria do Tribunal de Justiça. Por causa de suas denúncias, José Eduardo diz estar sendo vítima de perseguição política. Ele afirma que na manhã da quinta-feira 16 sua casa foi invadida pela polícia, que apreendeu duas armas. “Sabem que tenho muita coisa para contar e estão me perseguindo. Sei que algumas gravações são ilegais, mas não vou calar. Acho que um país melhor passa por denúncias como essas que fiz. Coleciono armas desde 1993 e as que foram apreendidas estão regularizadas”, disse o responsável pelos grampos instalados no escritório do pai.